domingo, 27 de março de 2016

Batman vs Superman - A origem da justiça - Crítica

O jogo foi montado
Quando assisti ao filme "Eu sou a Lenda" com Will Smith há quase 8 anos atrás, não pude deixar de notar um cartaz em uma das cenas: em um cinema abandonado, por onde o personagem Robert Neville transitava, um símbolo que já havia visto antes em bancas de jornal, mas nunca em lugares como aquele era mostrado. Era nada mais nada menos do que o logo do Batman e do Superman juntos, um sobrepondo o outro.

Cena em 'Eu sou a Lenda' 

A sensação "como isso era possível?" me invadiu mas me foi tomada minutos depois. Não se tratava de um Easter Egg, mas sim de uma homenagem, provavelmente da Warner ao publico nerd que já passava por uma nova aurora naquelas épocas. Não custava sonhar mas parecia impossível.

Quando Zack Snyder trouxe à tona o filme do Superman em 2013 com a promessa de uma Liga da Justiça, o sonho passava a ser real. E no fim, quando anunciaram o filme do 'Batman vs Superman' a euforia emergiu e o hype foi criado. "Eu sabia!", falava aos meus amigos.

E o filme se inicia
Batman e a morte dos seus pais mais uma vez servem como ponto de partida (e mais de uma vez como prologo) na história. Dessa vez, de forma surtada, o jovem Bruce Wayne é vítima das 'viagens' do diretor, sendo assunto de uma caverna habitada por morcegos e elevado até aos céus, como um semi-deus que acabara de alcançar o olimpo.

Olimpo esse, referenciado indiretamente inúmeras vezes por Lex Luthor e diretamente na presença da Mulher-Maravilha, que só adicionam prazeres à trama. 

Após uma cidade ser destruída no primeiro Homem de Aço (com consequências diretas ao morcegão), explosões no capitólio e ameaças diretas, Batman ressurge (com muito Cross-fit) e executa um duelo previamente planejado contra Superman.

O que ele não esperava, é que tudo havia sido orquestrado por Luthor e após descobrirem os planos do vilão, Batman, Superman e Mulher-Maravilha se unem contra um plano B: Doomsday! A batalha termina como o esperado dos leitores de quadrinhos: Superman morre. Em uma cena que beira as pinturas de Caravaggio e a obra máxima La Pietá, os heróis descem o 'deus' Ka-el de sua 'cruz' e o repousam no braço da mulher que lhe oferece amor.

Por fim, Bruce e Diana (Mulher-Maravilha), após terem visto os arquivos secretos de Lex, com vídeos de diversos meta-humanos decidem que eles precisam se unir. Em paralelo, o vilão preso, anuncia de forma insana a chegada de uma nova ameaça, talvez Darkseid.

E o filme se encerra, de forma poética... mas cheio de problemas.

Uma visão realista
Muitos fãs que amaram o filme, vão dizer que a obra-prima e os erros são aceitáveis por conta da necessidade que o cinema precisa de filmes assim. Concordo.

Quem aceita e defende o filme, carrega consigo a mesma euforia que todos sentimos ao ver o cartaz no filme "Eu Sou a Lenda" e diz que tudo é possível em nome dos quadrinhos. Concordo

Mas essa paixão e essa aceitação pelo produto, pelo simples fato dele nunca ter existido, acaba parando em algumas situações complicadas desse longa.

Pessoas reclamam que o Batman mata nesse filme e da cena da "Eles vão matar Martha". Mas isso é liberdade poética e depende muito de quem vê. Mas acreditem, existem coisas piores.

Não há justificativas no roteiro para a existência de Lois Lane em alguns momentos. Desde o primeiro filme, ela tem sido injustificavelmente relevante para a trama. Um exemplo: quando Batman decide acabar com a vida de Superman, ele estava empunhando uma lança kriptoniana. Após o embate, nossa querida Lois decide que aquele objeto maldito precisa ir ao fundo do mar. Após algumas cenas, quando vê que seu super-namorado está lutando com uma espécie de Troll do Senhor dos Anéis, a mesma pensa "hm, acho que aquela lança que joguei na água e está nesse prédio caindo, é importante. Vou lá buscar.". Ela nem sabia o que era aquele monstro. E então ela se joga na água, quase morre e entrega a lança para o seu marido se sacrificar em um ataque mortal à Doomsday. Se ela não estivesse ali, talvez ele teria feito o mesmo, só que mais rápido.

Batman, que está muito bem no papel de Ben Affleck, é o Batman com a inteligência mais questionável de todos. Nunca Batman se deixaria levar por cartinhas ameaçadoras de Luthor. Além do mais, o plano orquestrado por Lex era tão evidente, que até ele já saberia - ele tinha todos os dados pessoais de Lex. Mas não, ele pensou: "vamos enfrentar esse ET superpoderoso (Superman), mesmo eu suspeitando que esse almofadinhas (Lex) que guarda registro de diversos super-poderosos esteja bolando um plano maior, comprando uma uma ilha de kriptonita (e um corpo de um outro ET) para usar em função de algo super legal para ele." Talvez ele não seja o Batman mais burro, mas remete àqueles Batmans da época do Super-Amigos que tinha dificuldades para dizer "rumpelstiltskin" três vezes ao contrário.

Algumas pessoas odiaram a luta dos dois heróis, porém sequer notaram que a luta contra Apocalipse não tem lógica de continuidade. Em uma cena, Batman está fugindo do trasgo do Harry Potter pelos prédios, corta a cena para Lois e volta para Apocalipse, Mulher maravilha fatia o braço do monstro, corta cena para Superman, ela o segura com o laço (pra onde foi o escudo?), volta a cena para Lois Lane. Que venha a versão estendida corrigir isso. A cena que é linda, carece de cuidados. Merecia mais atenção e menos Lois Lane.

Apocalipse, Trasgo de Harry Potter, Troll de senhor dos anéis, Hulk careca e outros nomes, beira ao Bane do Joel Schumacher. Sem muita necessidade de estar ali, serve para unir os heróis. Porém tão mal aproveitado que os entusiastas se esqueceram que o monstrengo está ruim. Antes Lex Luthor tivesse entrado em uma armadura e enfrentado os heróis. Da forma como ficou, passa.  

Mas então o filme é ruim? Não, mas pode incomodar. 

Vilão questionável
Veredito
Batman vs Superman é a realização de um sonho de muitos. São dezenas de anos de espera de um produto como esse e que satisfaz. Vale a pena ver cenas tão lindas que somente Zack Snyder poderia criar, remetendo ao seu auge com 300. Não há imagens tão belas quanto.

Infelizmente, faltou apenas alguns cuidados na hora de contar a história. Muita preocupação em formar a Liga da Justiça e muitos deslizes na hora de contar um arco fechado.
Na próxima, menos é mais. 

Remetendo ao cartaz que vi em 2008, penso que não queremos cometer os mesmos erros de Francis Lawrence e seus zumbis-vampiros em 'Eu sou a Lenda'. Por pouco não tínhamos um fiasco em comum. Mesmo com tanta beleza visual, foi por pouco mesmo: Doomsday e Lois Lane são provas disso. Quase deu muito errado. Passou de ano.

Nota [1-5]: 3,0
O melhor: A trindade se reúne!
O pior: Faltou cuidado com a história e com Apocalipse

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