domingo, 20 de dezembro de 2015

Star Wars - O despertar da força - Crítica

Esse post contém pequenos spoilers

Por Fernando Jácomo

Nasce um Nerd

Lembro quando tinha meus 13 anos de idade e havia lido em uma revista Veja a seguinte matéria: "A volta: George Lucas conquista o mundo". Na capa , havia uma foto de Darth Vader e trazia consigo uma matéria sobre as remasterizações da sua trilogia de filmes Star Wars e uma revelação sobre uma nova trilogia que contaria o prelúdio da série - a trilogia "Anakin" com os episódios I, II e III.

Na época, eu não tinha muita noção do que estava acontecendo e pessoalmente passava por um momento em que não conseguia me localizar na escola: era um Nerd/CDF de carteirinha. Passei então a pesquisar sobre o filme e percebi que já havia visto todos eles antes em sessões da tarde passadas. Comecei a conhecer mais George Lucas e até entender sua influência em outros filmes que tanto gostava, como Indiana Jones.

Revi os filmes - e até o esquisito "Caravana da Coragem", achando que fosse cânone. Iria rever todos os Indiana Jones e nesse mesmo ano, começaria a assistir Cavaleiros do Zodíaco, que acabara de estrear no Brasil. Juntando meu lado "CDF' e minhas novas paixões, havia me tornado efetivamente, um Nerd! Mas agora, um nerd feliz!

Mas foi com Darth Vader, naquela capa, que sentiria um chamado diferente, que perdura por anos (ou quase décadas) no meu coração. Foi aquele cara de capa preta e máscara de vilão que havia me trazido para a Força (nerd).

Isso foi alimentado com o lançamento da trilogia "Anakin" de modo a cultivar um respeito e carinho pela franquia. 

O despertar da força Nerd



O que dizer quando soube há alguns anos, que a grande Disney havia comprado a franquia Star Wars e de quebra anunciado uma sequência para o "Retorno de Jedi"? A alegria foi imensa. O tempo passou, os trailers chegando e o 'hype' aumentando.

Na semana de estréia do filme, eu não conseguia parar as mãos ao pesquisar sobre o filme na internet, mas ainda assim com muito receio de não tomar spoilers.

O filme podia dar errado? Claro que sim, lembrem-se de Jar Jar Binks! 

Mas assim chegou o dia, o filme começou e um misto de "isso não está acontecendo!" com "isso está acontecendo!" foi me tomando. E o filme segue, utilizando exatamente a mesma roupagem do primeiro filme (Uma nova Esperança) com um vilão questionador e personagens que vivem sua jornada, em especial a simpática Rey que vive a clássica e didática "Jornada do Herói" (a mesma jornada de Luke em seu primeiro filme). Han Solo aparece para chamar os fãs antigos à aventura e assume um papel de Obi Wan Kenobi, sendo peça fundamental para a trama - talvez o auge do arco do Han Solo.

Obviamente o filme tem erros e o Império tem dificuldades com seu RH com extremas necessidades em achar soldados que saibam mirar, líderes militares que saibam gerenciar ataques e o principal: engenheiros! Não é possível, pela terceira vez, uma Estrela da Morte (mesmo maior aqui) ser tão vulnerável a ponto de uma estratégia de ofensiva ser decidida em um Stand Up Meeting de cinco minutos. 

Mas tudo bem! Em nome da fantasia, permitimos... O filme se encerra com aquela alegria no coração e aquele sabor amargo preso na garganta onde queremos saber o que vem a seguir! Mas isso só em 2017! Até lá o filme continua falando comigo de forma especial e continuará falando com fãs antigos e o melhor começará a falar com os novos fãs. George Lucas conquistou o mundo!


Nota [1-5]: 4,5
O melhor: É um Star Wars novo!
O pior: O império precisa de engenheiros (ou roteiristas)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nota de repúdio ao Pânico na TV

Há cerca de 5 anos eu decidi parar de assistir ao Panico na TV. Apesar de ter algumas exceções como Emilio Surita e, e... talvez Sabrina (ela não é mais do grupo), eu sempre me sentia um pouco menos inteligente a cada programa. Além de não achar graça alguma.


Tudo bem se você gosta desse tipo de humor - onde os apresentadores ficam horas chutando o saco um do outro, apertando os mamilos dos companheiros, ridicularizando artistas do teatro, música e televisão e filmando bundas e, bundas e bundas, Mas durante o programa, prefiro ler, assistir à alguma série (ou documentário) ou apenas jogar meu vídeo game, enfim, ser o nerd que sempre fui.


Esse ano, durante a cobertura da Comicon Experience, criado com muito esforço e competência pelo grupo Omelete (com a participação e parceria de muitos outros representantes Nerds e Geeks como Jovem Nerd e Azaghal), o Panico na TV foi fazer sua cobertura.

Após uma polêmica envolvendo a carta de repúdio da organização do CCXP pela forma como a reportagem foi conduzida, fui assisti-la para tirar minhas conclusões.

Pensei que fosse um exagero, mas não. Confesso que a cada segundo do programa eu não entendia tamanha incompetência e ignorância dos apresentadores acerca do que falavam. Caçoaram de Frank Miller, insinuando que ele usava drogas nas suas criações. Veja bem: Frank Miller! Caçoaram de um gênio dos quadrinhos modernos e ainda nem estudaram sobre ele, chamaram ele de "criador do Batman". Bob Kane e Bill Finger deram duplo twist carpado no túmulo. Por sorte ele estava com uma ótima assessora de imprensa que o retirou daquele vexame.

Por fim, ridicularizaram os nerds que estavam fantasiados. E como disse o repudio do omelete, demonstraram como eram incapazes de lidar com o diferente. Cometeram assédios morais beirando ao sexual (lamberam uma participante fantasiada, estragando sua fantasia). Chamaram diversos participantes de "bicha" e sacanearam geral, deixando todos desconfortáveis. Tudo bem se você adorou ver isso, mas são nessas pequenas "zueiras" que nerds se sentem coagidos pelos valentões que sequer têm capacidade de ler uma bula de remédio. São esses ditos populares que por sorte são dotados de eloquência e belos corpos mas sequer têm talento para estudar um pouco. São esses valentões que riem do diferente e se revoltam com aquilo que pode estar cheio de significado para alguém. Não é só bulling, é falta de respeito... e crime! Artigo 140 do Código Penal!

O CCXP não quis entrar na justificativa de julgar a piada - isso é polêmico e compreensível. Entretanto a piada vazou ruim para todos os lados. Nem com outros humoristas eles tiveram respeito: Danilo Gentili andava disfarçado pela feira e foi azucrinado por essas criaturas que, pelo fato de descobrirem a identidade secreta do colega, se sentiam os descobridores da arca perdida. Forçaram ele a dar declaração. Como disse a participante: não tem graça!

Eles não deveriam ser banidos da CCXP, deveriam ser banidos do meio. Deveriam responder criminalmente pelo assédio moral. É uma afronta aos nerds, participantes, telespectador e ao humorismo com tamanha ignorância. 

Como disse Felipe Castanhari (do canal nostalgia) ao ser questionado sobre a falta de assédio à sua imagem, ele respondeu: "é porque eu não fico tentando ser famoso igual vocês". É isso aí Felipe! E que esses valentões que querem se promover rebaixando o outro, entendam que o que se faz nos corredores da escolinha, não se leva para vida. Isso é falta de respeito e acima de tudo, de talento!

Repúdio original - Facebook da CCXP

CCXP 2015 | Nota de repúdio ao programa Pânico na Band
Na CCXP - Comic Con Experience, todas as pessoas são bem-vindas e incentivadas, sem preconceitos, a ser quem são - ou quem desejam ser. É um ambiente harmonioso que defendemos, um lugar onde cosplayers, nerds, gamers, cinéfilos, leitores de quadrinhos e simples curiosos convivem com respeito. Numa convenção de cultura pop, o contrato social que sonhamos para nós - em que toda diferença é aceita e celebrada - torna-se realidade.
É com tristeza e um sentimento de desgosto, então, que assistimos à maneira como o programa Pânico na Band, incapaz de lidar com o diferente, traz para dentro da CCXP seus preconceitos de gênero e seu franco desrespeito, entrevistando cosplayers com grosseria - chegando a lamber uma visitante. Depois desse incidente lamentável o Pânico na Band foi banido da CCXP 2015 e de todas as atividades organizadas a partir de hoje.
Não se trata aqui de discutir limites de humor. A cobertura do Pânico na Band da CCXP 2014, inclusive, foi muito bem-humorada e eles foram credenciados para a nova edição dentro desse espírito. No entanto, assédios moral e sexual são temas seriíssimos e preocupações constantes em convenções de cultura pop no mundo inteiro - assim como fora delas. As atitudes do Pânico na Band dentro da CCXP representam um retrocesso que não podemos aceitar. Ninguém pode, não mais.
O senso de humor é um componente fundamental do cosplay. Nesta segunda-feira a web ainda se diverte com as imagens dos trajes mais inventivos que passaram pelos quatro dias da convenção, do meme de Pulp Fiction às crianças vestidas de Coringa. Mas o cosplay também é uma forma de expressão que ajuda muita gente a fantasiar, com segurança, com aquilo que deseja para si. Pessoas aderem ao cosplay para se tornarem mais fortes, usando a interpretação e a confecção de seus trajes para lutar contra quadros de depressão, para manifestar sua sexualidade, para trabalhar sua auto-estima, como um super-herói.
A organização da CCXP repudia com indignação a postura inaceitável do Pânico na Band porque ela desmancha esse encanto do qual depende qualquer convenção de cultura pop. Mas os cosplayers, os nerds, os gamers, os cinéfilos e os leitores de quadrinhos são maiores, mais unidos e mais fortes. E um dia o contrato social de tolerância que estabelecemos dentro dessas convenções vai se espalhar porta afora, como um coro.
The Fellowship of the Comic Con Experience, 7 de dezembro de 2015.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

WebSeries - Dragon Ball Fall of Men

Eis como esperávamos como o filme de Dragon Ball saísse, mas precisou que fãs do seriado fizessem isso com atores reais. Por sorte nos faz esquecer o fatídico filme de 2009 e nos dar esperança.
Nesse curta, a história toma uma certa liberdade e conta um pouco a história do Trunks do futuro. Bem legal!

Título: Dragon Ball - Fall of Men
Produção: YOHAN FAURE & VIANNEY GRIFFON
Idioma: Inglês




Outras séries da Web:

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Ranking 37 - Os 5 anéis mais poderosos do mundo Pop

Angelina Jolie no filme Hackers

Iow Iow! Depois de muito tempo, finalmente vamos voltar com a sessão de Ranking.

Eles são poderosos, outros são malditos e outros são simplesmente bacanas. Não importa o sexo, eles estão nos dedos de todo mundo. 

Dessa vez, vamos desvendar os anéis mais poderosos do mundo pop.

Vamos lá? Então gritem junto comigo "Eu quero seu anel!"

Uma dica: lembrando que esse de Ranking pode ficar datado, pois de repente pode aparecer um item novo. Combinado? Então fechou!


Os 5 anéis mais poderosos do mundo Pop


5º Lugar - O anel de Nibelungo


Você está pensando em Cavaleiros do Zodiaco, certo? Realmente esse anel não é brincadeira. No Anime, ele foi responsável por controlar Hilda de Polaris que parou de fazer suas preces à Odin deixando a Terra inundada com o derretimento das calotas polares. Retirar o anel de Hilda era um problema pois precisaria que a mítica espada da armadura de Odin assim o fizesse. O que poucas pessoas sabem é que o anel de Nibelungo realmente existe na mitologia nórdica e ele dava aos nibelungos (um povo composto por anões) poderes mágicos. A história desse anel gerou livros e até filmes. Incrível!

4º Lugar -  Os anéis de Mandarim


Se o anel de Nibelungo conferia poderes ao seu dono, Mandarim tinha 10, cada um em um dedo das mãos. Cada anel tinha uma habilidade que foge da normalidade:

  • Diminuição da temperatura e da velocidade das coisas com o congelamento;
  • Aumento de energia física e controle mental.
  • Projeção de energia elétrica;
  • Emitir radiação;
  • Emitir energias de espectro e laser;
  • Cria uma área escura;
  • Desintegração de moléculas;
  • Controla o vortex sugando pessoas para dentro dele além de permitir levitar objetos;
  • Explosões;
  • Readequação de átomos;

Realmente grandioso!

fonte da lista aqui

3º Lugar - Anéis do Capitão Planeta



Apesar do desenho Capitão Planeta ter um apelo ecológico e ser leve em seu plot, ele esconde uma tremenda fonte de poder: os anéis dos elementos. Além de controlar todos os elementos de forma inimaginável, um dos anéis era possível controlar as emoções das pessoas (anel do coração que pertencia à um brasileiro). Quando unidos, o ser azul chamado Capitão Planeta consegue juntar todos os poderes e utiliza-los na sua melhor forma. Em mãos erradas isso seria um problema...

2º Lugar - Anéis dos Lanternas Verdes


Lanternas Verdes por Ethan Van Sciver.jpg

Antes de mais nada: "No dia mais claro, na noite mais densa, o mal sucumbirá ante a minha presença, todo aquele que venera o mal há de pensar, quando o poder do Lanterna Verde enfrentar!". Esse é o anel que pode moldar qualquer tipo de projeção, sendo uma arma altamente eficaz, além de poder gerar um campo de força que retém oxigênio e é à prova de balas e projeções de energia. Quer mais? Existe uma tropa de Lanternas Verdes na galaxia!

1º Lugar - O Um anel





'(...) Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los, um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los (...)'. Esse anel deu trabalho para todos os habitantes da Terra Média. Além de conferir poderes apenas ao seu único dono, 'Sauron', quando perdido, tem a capacidade de corromper quem o utiliza, mesmo sendo capaz de tornar o usuário invisível. É um anel maldito que traz toda a escuridão dentro dele. O usuário não consegue se esconder do poder de Sauron que mantém parte de sua energia vital nele e destruí-lo é praticamente impossível, pois demanda uma longa jornada carregando-o até o seu lugar de origem para assim derrete-lo em lava.

Demais Rankings do blog

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Brazil Game Show 2015 e o paradoxo da celebridade da Internet

Por Fernando Jácomo

De forma organizada, a BGS 2015 apresentou diversos stands em um formato muito parecido ao apresentado no ano anterior. Até mesmo alguns stands pareciam exatamente os mesmos, porém com novos games. Dessa vez, o mesmo jogo podia ser jogado em diversos lugares (como o caso de Street Fighter V e Star Wars Battlefront). As filas aparentemente menores (fui no feriado do dia 12) estavam mais organizadas e permitiam mais dispersão das pessoas. Um evento tranquilo com bons lançamentos mas esse não foi o detalhe que mais chamou a atenção...

Como vender um produto?

Novos espaços foram criados, incluindo o questionável Meet and Greet do You tube, onde os fãs subiam até um ponto, cumprimentavam seus artistas da web (youtubers) e desciam por um escorregador. A ideia de apresentar a Web-Celebridade dessa forma me fez pensar em muitas coisas.

Primeiro vamos separar o joio do trigo: existe o youtuber que produz conteúdo de qualidade e aquele que não consegue produzir nada de relevante. Mas se toda a tecnologia e inteligencia coletiva colaborarem, a própria ação de likes, comments, shares e views serão suficientes para auxiliar no filtro desse grupo ruim.

A celebridade da web é hoje aquela que fala com o publico consumidor. Fala com as crianças e com a nova-velha audiência da onda digital. É o "internauta" que nossos políticos falam.

Hoje, o jovem não assiste mais televisão, e o mesmo aparelho está fadado à extinção em tempos de Netflix e Youtube onde diversos famosos estão saindo da TV e buscando mais espaço na internet como é o caso de Rafinha Bastos e Maisie Williams (a querida Arya de Game of Thrones). Eles influenciam compras e escolhas. Nada mais justo do que dar à eles um espaço adequado para se aproximar de seus fãs - apesar de existirem aqueles que não entenderam ainda sua própria "fama" volátil à likes.

Quem é esse comunicador? 

De imediato ... ele não é o comunicador como conhecemos. Na maioria das vezes são pessoas tímidas com dificuldades de falar em publico. São pessoas que falam muito em frente às câmeras, mas quando chegam à alguma audiência, pouco falam. Na maioria das vezes, falam algo rápido, sorriem, tiram fotos (ou selfies) e horas depois voltam à WEB, para agradecer o carinho.

Há exceções. Na própria BGS 2015, Jovem Nerd e Azagal (Youtubers e Trintões) animaram o publico durante 3 dias, trabalhando muito e lidando com uma audiência grande. Segurando o ritmo como conseguem. 

Mas na grande maioria, o primeiro comportamento é comum e veja bem, não há estranheza alguma nisso, pois esse é um comportamento padrão do jovem - visto por psicólogos e pais como o fim da humanidade e um crime à socialização do individuo. Nem mesmo isso é sinal de que o canal do tímido-famoso é ruim. Hoje podemos escolher ficar do lado dos retrógrados criticando ou abraçar a causa e tentar melhora-la (seja produzindo ou apenas curtindo).

O que espanta são casos como de apresentadores, que tinham o publico em suas mãos, mas mandam tamanhas pérolas. A própria empresa do stand não se ligou ao colocar o colega lá. É como se o ser buscasse o glamour da TV e esquecesse que aquele palco não é mais dele. Triste é ver Youtubers que se acham a quarta pessoa da santíssima trindade e sequer acreditam que a sua fama é sustentada pelo ego. Não agradecem aos fãs e estão lá para brilhar, assim como as desprezíveis BBBs que tem o talento de ser bonita. Eles não se ligaram e tendem a falar baboseiras na Internet e ao vivo. Sorte que são a minoria.

As empresas não precisarão nem filtrar algumas presenças nos próximos anos. Como disse antes, a soma de likes, comments, shares e views darão a sentença da sub-celebridades e o futuro será definido e a velha e real relaçao  'trabalho x salário' ditará o futuro destes. .

Há muito espaço! Ou os ruins se reinventam ou terão que sair na Sexy/G ou, em tempos digitais, no Porno Tube mesmo..

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Video Games Live 2015 - 10 anos - Review

Resultado de imagem para vgl brasil 2015Sem a empolgação de 10 anos atrás onde a VGL chegava a passar por 3 capitais brasileiras em uma única turnê, a VGL 2015 surpreende e nos faz lembrar porque gostamos tanto dela.

VGL - Um projeto arriscado

Video Games Live de Tommy Talarico é hoje um projeto não só genial como também arriscado e volátil ao seu tempo. O musical que reúne apresentações instrumentais de diversas franquia dos games, que hora tenta se provar como arte à si mesmo, apresenta um setlist de arranjos que dependem de diversos acordos comerciais que vão desde licenciamento até uma despesa com uma equipe tão complexa quanto qualquer show de rock internacional.

No Brasil, com o apoio da nossa amada e odiada Petrobras (que recebeu seus respeitosos aplausos durante o show) e da orquestra Vila-Lobos e tem pelo segundo ano consecutivo o Teatro Bradesco como suporte.  

Toda essa estrutura é palco (literalmente) para um belíssimo show, porém caro. Bem caro! Em tempos de crise a VGL 2015 tinha o desafio de honrar os ingressos vendidos e mostrar porque há 10 anos está no mercado - de forma invicta em São Paulo.

Como sair da mesmisse?

Quando o show se iniciou e o carismático Tommy toca o tema de Castlevania (para ele é obrigatório e ritualístico) muitos pensaram: "ok, mais um show com as mesmas músicas". Isso se reforçou mais ainda quando o 'mestre de cerimônia' diz que tocará as melhores músicas dos últimos 10 anos. 

Com o suporte da maestra e compositora Eimear Noone e da multi-instrumentalista Laura Intravia, o show começa com clássicos como Megaman e Skyrim com quebras incríveis como o tema de Donkey Kong na flauta e o som de abertura de Metal Gear Solid 3, 'Snake Eater', digna de qualquer trilha de 007. A primeira parte termina com o tema de Tetris no ritmo costumeiro. Nada de muito novo aos fãs de longa data.

Porém, na segunda metade, o nível se eleva e Tommy para de brincar. O ato inicia-se com uma versão já conhecida de Street Fighter e passa para o ramo de trabalho de Eismer como compositora da Blizzard com Heartstone e World of Warcraft onde a orquestra e um vídeo da cantora e youtuber  Maluka se misturam em um único som. Uma experiência quase única que extrapola os limites do que acontece ali. (uma versão pode ser conferida aqui)

Talarico toca as músicas dos aclamados Grim Fandango, ICO e Command & Conquer Red Alert (inédita no Brasil) e apresenta o tema mais pedido pelos fãs ao redor do mundo e inédita em todas as turnes: Ace Attorney junto com a promessa de uma versão instrumental exclusiva de Top Gear - culpa dele que apresentou uma versão em piano na VGL de 2012.

Por fim, um dos membros da família Lima sobe ao palco e a clássica One Winged Angel de Final Fantasy VII é performada ineditamente com direito a solos de celo. Tommy recebe uma bandeira do Brasil e se emociona para o encerramento 'The cake is a lie".

A sensação pós-show é que valeu a pena e o nível se elevou consideravelmente. A expectativa para 2016 será maior.

Nota (1-5): 4,5
O melhor: World of Warcraft e a maestra Eismer (certos momentos ela rouba a cena flutuando no ar suas mãos)
O pior: Precisa mesmo de um concurso de cosplay no início do show?


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Mortal Kombat X - Review

Antes uma história

Antes vamos voltar um pouco na história do reboot de MK (ou MK9) em 2011. Depois dos eventos dos últimos MK terem causado uma guerra sem limites, Raiden voltou sua consciência para o passado para alertar sobre os eventos do futuro. Assim, a nova história foi reescrita e Shao Khan derrotado, sem engatilhar eventos que ocasionassem um mal maior... só que não.

MK X pega o gancho final da história do jogo anterior (que é um resumo de MK1, 2 e 3) e simula os mesmos eventos de MK 4. O vilão da vez é Shinokki (um Elder God como Raiden) e seu lacaio Quan Chi. Algumas coisas mudaram entretanto. Muitos heróis estão mortos e cabe ao grande Johnny Cage e sua namoradinha Sonya Blade darem um fim aos planos do vilão. E conseguem! Prendem ele em seu famoso amuleto e o futuro é (quase) alterado.

A história então nos apresenta à um quarteto inusitado: Cassie Cage (filha de Johnny Cage com Sonya Blade) que tem as técnicas de combate de ambos (e a dublagem controversa da cantora Pitty na versão em português), Jacqui Briggs (filha de Jax) com o estilo estilo do pai, Kung Jin, herdeiro de Liu Kang e Kung Lao (o oficializado pela empresa como o gay da turma - não que isso mude algo) e Takeda, filho de Kenshi com tecnicas de combate de Kenshi e Scorpion (antes que você pense besteira, Takeda foi treinado por Scorpion). Juntamente com outros veteranos, eles deverão enfrentar novos e velhos inimigos contra um possível retorno de Shinokki.

O game apresenta tramas interessantes, porém ainda com o critério vamos brigar e não conversar - porém não descontrolado como em Injustice "Oh quem é você? Vamos lutar!"- As razões para uma luta tentam ser mais plausíveis.

Mas quem se interessa pela história?

Afinal de contas é um jogo de luta! O game conta com novos Fatalities, o retorno dos Brutalities (agora mais técnicos), gráficos melhorados e cheios de detalhes, novos designs de personagens (como a possibilidade de jogar com Scorpion sem a roupa de ninja), novos cenários e um modo online cooperativo bem interessante mas que talvez demore para pegar.

Nesse modo, você escolhe um clã e conforme joga offline, contribui para o seu clã. O resultado são golpes especiais que ficam disponíveis se seu clã vencer e prêmios em Koins (moedas) para trocar no modo Krypt. Ainda no modo clã, você pode aderir a eventos a fim de dar mais pontos para seus membros de time de diversas partes do mundo.

Questionáveis DLCs

O game contará com diversos DLCs, Os divulgados até então não estão in game porém existem 4 personagens que não são controlados mas que você luta contra: Rain (com magias lindas e repaginadas), Sindel, Baraka e o modo o modo Evil de Shinokki. Seriam eles DLCs pagos? Pagos ou não, o fato de estarem no jogo, mas não serem controlados, é um pouco decepcionante.

Veredito

O game dá um passo a mais na franquia, sendo uma continuação digna de respeito. Quando a Midway se uniu à Warner Games e reiniciou a franquia em 2011, contando uma nova história de um Raiden que buscava um futuro promissor assim fez seu criador, Ed Boon, que sonhou com um futuro melhor. E ele chegou, e está muito bom! Longa vida ao MK!

O melhor: Nova história, novos personagens, personagens repaginados, golpes melhorados, uma grande inovação

O pior: Rain, Sindel e Baraka ficaram de fora mesmo sendo personagens controlados pela máquina

Nota [1-5]:4,0



domingo, 14 de junho de 2015

Sense 8 - Review

Mas 

Alguns dias atrás quando li a notícia que atores de Sense 8 estavam participando da Parada Gay 2015 em São Paulo, estranhei um pouco qualquer conexão que pudesse haver com o tema. Pensei: "deve ser uma série com atores gays ou gay friendly". Quando vi as imagens, vi que o Said de Lost (Naveen Andrews) estava com sua regata. Pensei na minha ignorância: "Nossa! O Said é gay!".

O que eu sabia na minha crescente ignorância, era que Sense 8 era apenas uma série com o Said de Lost (aqui Naveen interpreta Jonas) e Daryl Haannah - a sereia de Splash e a Elle Driver de Kill Bill -, ambos dirigidos pelos irmãos Wachowski (trilogia Matrix) e com algum tipo de relação com o longa confuso Cloud Atlas (aqui conhecido como "A viagem"). E só!

Assim permaneci ignorante, até os episódios entrarem no Netflix Brasil algumas semanas atrás...

Sense 8 é uma experiência

Sense 8 trata de 8 desconhecidos, de 8 cidades diferentes que dentro de suas imperfeições conseguem da noite para o dia, se comunicarem, se verem e até oferecerem "seus talentos pessoais" uns para os outros. Cada um com seus dilemas, eles entendem que precisam uns dos outros para se ajudarem e para poderem evitar que o pior aconteça - mesmo estando fisicamente separados.

O novo seriado vai além e aborda como os seres humanos podem se conectar e se entenderem sem se importarem com barreiras como sexualidade, drogas, loucura, criminalidade, religião, pobreza e desamor. É uma série que elimina os preconceitos e eleva diversos questionamentos à um novo patamar.

Hoje no Brasil, vivemos um momento único de discussão onde ambos os lados se atacam. O time azul ataca o time vermelho e assim vice-e-versa. Cada vez há mais intolerância e menos espaço para amar. Sense 8 chega aqui e mostra à sociedade preconceituosa (especialmente a nossa) a quebra de um paradigma, criando uma série de questionamentos: o que nos ligam efetivamente uns aos outros? O quanto vale amar alguém sem se importar com suas diferença? Completamos o outro suficientemente? O que são nossos defeitos a não ser espelho dos defeitos de outras pessoas?

Uma lista de indagações que justificam porque o elenco estava participando da Parada Gay no Brasil. O filme no final, nos vende um ideal e um convite à uma experiência de quebrar os paradigmas em prol de um bem maior: o amor.

Técnica e continuidade

Os irmãos Wachowski tiveram que lidar com o maior problema dos filmes de hoje em dia: continuidade. São diversas cenas intercaladas ao redor do mundo com diversos personagens que precisam se encontrar e se ajudar.

Infelizmente esse é o maior pecado da série, que tenta se utilizar de alguns recursos repetidos de filmagem para poder se sustentar, como o apartamento de Nomi, que vira um QG da personagem e até mesmo da série - luzes acesas na casa de uma personagem mundialmente procurada.

Aumente isso ao fato de calendários apontarem datas erradas em diferentes momentos (o julgamento de Sun ocorre em Setembro, segundo um calendário no tribunal, mas alguns episódios depois, todos comemoram o 4 de julho).

Porém não estraga a experiência e a tendência é que isso diminua. Quem sabe o maior problema seja criar uma segunda temporada igualmente impactante sem se apegar a clichês como a série Heroes ou ficar preso no mesmo questionamento por anos sem evolução, como The Walking Dead. 

Continuar e concluir uma boa história também é um grande desafio para os Wachowski que ainda carregam uma estigma grande pelos seus filmes (Matrix?)



Veredito

Sense 8 é uma série singela que infelizmente se for vista por uma ótica limitada, fundamentalista e preconceituosa tende a ferir a utópica "família brasileira" que se fecha em um mundo que grita para que as barreiras mesquinhas sejam quebradas. 

Quem sabe eu esteja enganado e algumas pessoas mudem sua ótica: Em um momento tão complicado em que o Brasil anda na corda bamba das discussões entre o Estado ser laico ou cristão, Sense 8 dá um balde de água fria em todas as barreiras e em ambos os times.

Um mundo que pede por ajuda, pede por mais ação e menos oração. Pede por amor e caridade real, não preservações distópicas de uma realidade que sequer existe. Basta sair na rua e ver que condenações e cartazes não são mais suficientes. Sense 8 poderia se passar no Rio ou em São Paulo, afinal todos estamos conectados, só não sabemos lidar direito com isso.

O melhor: Conceito inovador e aborda questões difíceis de forma visceral e carnal mas ao mesmo tempo respeitosa

O pior: Podia ter um nucleo brasileiro, por que não?

Nota [1-5]:4,5 



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