domingo, 20 de dezembro de 2015

Star Wars - O despertar da força - Crítica

Esse post contém pequenos spoilers

Por Fernando Jácomo

Nasce um Nerd

Lembro quando tinha meus 13 anos de idade e havia lido em uma revista Veja a seguinte matéria: "A volta: George Lucas conquista o mundo". Na capa , havia uma foto de Darth Vader e trazia consigo uma matéria sobre as remasterizações da sua trilogia de filmes Star Wars e uma revelação sobre uma nova trilogia que contaria o prelúdio da série - a trilogia "Anakin" com os episódios I, II e III.

Na época, eu não tinha muita noção do que estava acontecendo e pessoalmente passava por um momento em que não conseguia me localizar na escola: era um Nerd/CDF de carteirinha. Passei então a pesquisar sobre o filme e percebi que já havia visto todos eles antes em sessões da tarde passadas. Comecei a conhecer mais George Lucas e até entender sua influência em outros filmes que tanto gostava, como Indiana Jones.

Revi os filmes - e até o esquisito "Caravana da Coragem", achando que fosse cânone. Iria rever todos os Indiana Jones e nesse mesmo ano, começaria a assistir Cavaleiros do Zodíaco, que acabara de estrear no Brasil. Juntando meu lado "CDF' e minhas novas paixões, havia me tornado efetivamente, um Nerd! Mas agora, um nerd feliz!

Mas foi com Darth Vader, naquela capa, que sentiria um chamado diferente, que perdura por anos (ou quase décadas) no meu coração. Foi aquele cara de capa preta e máscara de vilão que havia me trazido para a Força (nerd).

Isso foi alimentado com o lançamento da trilogia "Anakin" de modo a cultivar um respeito e carinho pela franquia. 

O despertar da força Nerd



O que dizer quando soube há alguns anos, que a grande Disney havia comprado a franquia Star Wars e de quebra anunciado uma sequência para o "Retorno de Jedi"? A alegria foi imensa. O tempo passou, os trailers chegando e o 'hype' aumentando.

Na semana de estréia do filme, eu não conseguia parar as mãos ao pesquisar sobre o filme na internet, mas ainda assim com muito receio de não tomar spoilers.

O filme podia dar errado? Claro que sim, lembrem-se de Jar Jar Binks! 

Mas assim chegou o dia, o filme começou e um misto de "isso não está acontecendo!" com "isso está acontecendo!" foi me tomando. E o filme segue, utilizando exatamente a mesma roupagem do primeiro filme (Uma nova Esperança) com um vilão questionador e personagens que vivem sua jornada, em especial a simpática Rey que vive a clássica e didática "Jornada do Herói" (a mesma jornada de Luke em seu primeiro filme). Han Solo aparece para chamar os fãs antigos à aventura e assume um papel de Obi Wan Kenobi, sendo peça fundamental para a trama - talvez o auge do arco do Han Solo.

Obviamente o filme tem erros e o Império tem dificuldades com seu RH com extremas necessidades em achar soldados que saibam mirar, líderes militares que saibam gerenciar ataques e o principal: engenheiros! Não é possível, pela terceira vez, uma Estrela da Morte (mesmo maior aqui) ser tão vulnerável a ponto de uma estratégia de ofensiva ser decidida em um Stand Up Meeting de cinco minutos. 

Mas tudo bem! Em nome da fantasia, permitimos... O filme se encerra com aquela alegria no coração e aquele sabor amargo preso na garganta onde queremos saber o que vem a seguir! Mas isso só em 2017! Até lá o filme continua falando comigo de forma especial e continuará falando com fãs antigos e o melhor começará a falar com os novos fãs. George Lucas conquistou o mundo!


Nota [1-5]: 4,5
O melhor: É um Star Wars novo!
O pior: O império precisa de engenheiros (ou roteiristas)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Nota de repúdio ao Pânico na TV

Há cerca de 5 anos eu decidi parar de assistir ao Panico na TV. Apesar de ter algumas exceções como Emilio Surita e, e... talvez Sabrina (ela não é mais do grupo), eu sempre me sentia um pouco menos inteligente a cada programa. Além de não achar graça alguma.


Tudo bem se você gosta desse tipo de humor - onde os apresentadores ficam horas chutando o saco um do outro, apertando os mamilos dos companheiros, ridicularizando artistas do teatro, música e televisão e filmando bundas e, bundas e bundas, Mas durante o programa, prefiro ler, assistir à alguma série (ou documentário) ou apenas jogar meu vídeo game, enfim, ser o nerd que sempre fui.


Esse ano, durante a cobertura da Comicon Experience, criado com muito esforço e competência pelo grupo Omelete (com a participação e parceria de muitos outros representantes Nerds e Geeks como Jovem Nerd e Azaghal), o Panico na TV foi fazer sua cobertura.

Após uma polêmica envolvendo a carta de repúdio da organização do CCXP pela forma como a reportagem foi conduzida, fui assisti-la para tirar minhas conclusões.

Pensei que fosse um exagero, mas não. Confesso que a cada segundo do programa eu não entendia tamanha incompetência e ignorância dos apresentadores acerca do que falavam. Caçoaram de Frank Miller, insinuando que ele usava drogas nas suas criações. Veja bem: Frank Miller! Caçoaram de um gênio dos quadrinhos modernos e ainda nem estudaram sobre ele, chamaram ele de "criador do Batman". Bob Kane e Bill Finger deram duplo twist carpado no túmulo. Por sorte ele estava com uma ótima assessora de imprensa que o retirou daquele vexame.

Por fim, ridicularizaram os nerds que estavam fantasiados. E como disse o repudio do omelete, demonstraram como eram incapazes de lidar com o diferente. Cometeram assédios morais beirando ao sexual (lamberam uma participante fantasiada, estragando sua fantasia). Chamaram diversos participantes de "bicha" e sacanearam geral, deixando todos desconfortáveis. Tudo bem se você adorou ver isso, mas são nessas pequenas "zueiras" que nerds se sentem coagidos pelos valentões que sequer têm capacidade de ler uma bula de remédio. São esses ditos populares que por sorte são dotados de eloquência e belos corpos mas sequer têm talento para estudar um pouco. São esses valentões que riem do diferente e se revoltam com aquilo que pode estar cheio de significado para alguém. Não é só bulling, é falta de respeito... e crime! Artigo 140 do Código Penal!

O CCXP não quis entrar na justificativa de julgar a piada - isso é polêmico e compreensível. Entretanto a piada vazou ruim para todos os lados. Nem com outros humoristas eles tiveram respeito: Danilo Gentili andava disfarçado pela feira e foi azucrinado por essas criaturas que, pelo fato de descobrirem a identidade secreta do colega, se sentiam os descobridores da arca perdida. Forçaram ele a dar declaração. Como disse a participante: não tem graça!

Eles não deveriam ser banidos da CCXP, deveriam ser banidos do meio. Deveriam responder criminalmente pelo assédio moral. É uma afronta aos nerds, participantes, telespectador e ao humorismo com tamanha ignorância. 

Como disse Felipe Castanhari (do canal nostalgia) ao ser questionado sobre a falta de assédio à sua imagem, ele respondeu: "é porque eu não fico tentando ser famoso igual vocês". É isso aí Felipe! E que esses valentões que querem se promover rebaixando o outro, entendam que o que se faz nos corredores da escolinha, não se leva para vida. Isso é falta de respeito e acima de tudo, de talento!

Repúdio original - Facebook da CCXP

CCXP 2015 | Nota de repúdio ao programa Pânico na Band
Na CCXP - Comic Con Experience, todas as pessoas são bem-vindas e incentivadas, sem preconceitos, a ser quem são - ou quem desejam ser. É um ambiente harmonioso que defendemos, um lugar onde cosplayers, nerds, gamers, cinéfilos, leitores de quadrinhos e simples curiosos convivem com respeito. Numa convenção de cultura pop, o contrato social que sonhamos para nós - em que toda diferença é aceita e celebrada - torna-se realidade.
É com tristeza e um sentimento de desgosto, então, que assistimos à maneira como o programa Pânico na Band, incapaz de lidar com o diferente, traz para dentro da CCXP seus preconceitos de gênero e seu franco desrespeito, entrevistando cosplayers com grosseria - chegando a lamber uma visitante. Depois desse incidente lamentável o Pânico na Band foi banido da CCXP 2015 e de todas as atividades organizadas a partir de hoje.
Não se trata aqui de discutir limites de humor. A cobertura do Pânico na Band da CCXP 2014, inclusive, foi muito bem-humorada e eles foram credenciados para a nova edição dentro desse espírito. No entanto, assédios moral e sexual são temas seriíssimos e preocupações constantes em convenções de cultura pop no mundo inteiro - assim como fora delas. As atitudes do Pânico na Band dentro da CCXP representam um retrocesso que não podemos aceitar. Ninguém pode, não mais.
O senso de humor é um componente fundamental do cosplay. Nesta segunda-feira a web ainda se diverte com as imagens dos trajes mais inventivos que passaram pelos quatro dias da convenção, do meme de Pulp Fiction às crianças vestidas de Coringa. Mas o cosplay também é uma forma de expressão que ajuda muita gente a fantasiar, com segurança, com aquilo que deseja para si. Pessoas aderem ao cosplay para se tornarem mais fortes, usando a interpretação e a confecção de seus trajes para lutar contra quadros de depressão, para manifestar sua sexualidade, para trabalhar sua auto-estima, como um super-herói.
A organização da CCXP repudia com indignação a postura inaceitável do Pânico na Band porque ela desmancha esse encanto do qual depende qualquer convenção de cultura pop. Mas os cosplayers, os nerds, os gamers, os cinéfilos e os leitores de quadrinhos são maiores, mais unidos e mais fortes. E um dia o contrato social de tolerância que estabelecemos dentro dessas convenções vai se espalhar porta afora, como um coro.
The Fellowship of the Comic Con Experience, 7 de dezembro de 2015.

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