domingo, 14 de junho de 2015

Sense 8 - Review

Mas 

Alguns dias atrás quando li a notícia que atores de Sense 8 estavam participando da Parada Gay 2015 em São Paulo, estranhei um pouco qualquer conexão que pudesse haver com o tema. Pensei: "deve ser uma série com atores gays ou gay friendly". Quando vi as imagens, vi que o Said de Lost (Naveen Andrews) estava com sua regata. Pensei na minha ignorância: "Nossa! O Said é gay!".

O que eu sabia na minha crescente ignorância, era que Sense 8 era apenas uma série com o Said de Lost (aqui Naveen interpreta Jonas) e Daryl Haannah - a sereia de Splash e a Elle Driver de Kill Bill -, ambos dirigidos pelos irmãos Wachowski (trilogia Matrix) e com algum tipo de relação com o longa confuso Cloud Atlas (aqui conhecido como "A viagem"). E só!

Assim permaneci ignorante, até os episódios entrarem no Netflix Brasil algumas semanas atrás...

Sense 8 é uma experiência

Sense 8 trata de 8 desconhecidos, de 8 cidades diferentes que dentro de suas imperfeições conseguem da noite para o dia, se comunicarem, se verem e até oferecerem "seus talentos pessoais" uns para os outros. Cada um com seus dilemas, eles entendem que precisam uns dos outros para se ajudarem e para poderem evitar que o pior aconteça - mesmo estando fisicamente separados.

O novo seriado vai além e aborda como os seres humanos podem se conectar e se entenderem sem se importarem com barreiras como sexualidade, drogas, loucura, criminalidade, religião, pobreza e desamor. É uma série que elimina os preconceitos e eleva diversos questionamentos à um novo patamar.

Hoje no Brasil, vivemos um momento único de discussão onde ambos os lados se atacam. O time azul ataca o time vermelho e assim vice-e-versa. Cada vez há mais intolerância e menos espaço para amar. Sense 8 chega aqui e mostra à sociedade preconceituosa (especialmente a nossa) a quebra de um paradigma, criando uma série de questionamentos: o que nos ligam efetivamente uns aos outros? O quanto vale amar alguém sem se importar com suas diferença? Completamos o outro suficientemente? O que são nossos defeitos a não ser espelho dos defeitos de outras pessoas?

Uma lista de indagações que justificam porque o elenco estava participando da Parada Gay no Brasil. O filme no final, nos vende um ideal e um convite à uma experiência de quebrar os paradigmas em prol de um bem maior: o amor.

Técnica e continuidade

Os irmãos Wachowski tiveram que lidar com o maior problema dos filmes de hoje em dia: continuidade. São diversas cenas intercaladas ao redor do mundo com diversos personagens que precisam se encontrar e se ajudar.

Infelizmente esse é o maior pecado da série, que tenta se utilizar de alguns recursos repetidos de filmagem para poder se sustentar, como o apartamento de Nomi, que vira um QG da personagem e até mesmo da série - luzes acesas na casa de uma personagem mundialmente procurada.

Aumente isso ao fato de calendários apontarem datas erradas em diferentes momentos (o julgamento de Sun ocorre em Setembro, segundo um calendário no tribunal, mas alguns episódios depois, todos comemoram o 4 de julho).

Porém não estraga a experiência e a tendência é que isso diminua. Quem sabe o maior problema seja criar uma segunda temporada igualmente impactante sem se apegar a clichês como a série Heroes ou ficar preso no mesmo questionamento por anos sem evolução, como The Walking Dead. 

Continuar e concluir uma boa história também é um grande desafio para os Wachowski que ainda carregam uma estigma grande pelos seus filmes (Matrix?)



Veredito

Sense 8 é uma série singela que infelizmente se for vista por uma ótica limitada, fundamentalista e preconceituosa tende a ferir a utópica "família brasileira" que se fecha em um mundo que grita para que as barreiras mesquinhas sejam quebradas. 

Quem sabe eu esteja enganado e algumas pessoas mudem sua ótica: Em um momento tão complicado em que o Brasil anda na corda bamba das discussões entre o Estado ser laico ou cristão, Sense 8 dá um balde de água fria em todas as barreiras e em ambos os times.

Um mundo que pede por ajuda, pede por mais ação e menos oração. Pede por amor e caridade real, não preservações distópicas de uma realidade que sequer existe. Basta sair na rua e ver que condenações e cartazes não são mais suficientes. Sense 8 poderia se passar no Rio ou em São Paulo, afinal todos estamos conectados, só não sabemos lidar direito com isso.

O melhor: Conceito inovador e aborda questões difíceis de forma visceral e carnal mas ao mesmo tempo respeitosa

O pior: Podia ter um nucleo brasileiro, por que não?

Nota [1-5]:4,5 



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